Vou começar essa história pelo fim.

Imagine uma viagem de pouco mais de 450 km.

Ônibus com um só motorista, na madrugada. Sem banheiro.

Detalhe, nas ribanceiras da Índia. Subindo as montanhas do Himalaia. 12 horas de viagem, para uma distância como SP-RJ.

Destino: McLeod Ganj, residência do sorridente Dalai Lama, saindo de Delhi, segunda maior cidade do país.

Não posso dizer que a viagem foi tranquila, mas foi maravilhosa.

Alguma semelhança com meus 17 anos de Corinthians. Com dias nem sempre tranquilos, mas maravilhosos.

Imagino que se parar para pensar dá para tirar muitas lições destas duas histórias, mas vou deixar duas por aqui, para a sua carreira ou para o seu negócio:

1ª Lição: Determinação

Comprar uma passagem nas grandes cidades da Índia é algo desafiador. Um amigo, que já havia morado em 61 países, havia me avisado antes de sairmos do Brasil: “Em alguns lugares de Delhi, de cada 10 indianos, 11 vão tentar te enganar”. Eu não havia entendido isso tão bem até chegar. E tendo saído para uma viagem totalmente espiritual, não era bem o tipo de situação que eu buscava. Mas entendi, e bem. Ao sair para comprar bilhetes de trem na velha Delhi, lado precário da caótica capital de um país com mais de 1 bilhão e 300 milhões de pessoas, sedentos por algumas rúpias, moeda local, a tentativa é a de te fazer desistir do seu destino, com inúmeras abordagens no meio da sua caminhada com frases, em um inglês com um forte sotaque, como “olha, hoje não se vendem passagens para turistas”, “ali está fechado”, “não é por aí, você precisa vir comigo e te mostro o lugar certo”, entre outras. O objetivo é o de te levar para algum ‘amigo’ e vender outra passagem ou outra coisa, ganhado alguma comissão.

Alguma semelhança tem isso, com frases que ouvi em diversas ocasiões durante meus muitos anos no futebol. De programador a CIO, meu papel em boa parte do tempo era o de organizar as coisas. Criar, buscar, viabilizar soluções, muitas delas criando sistemas, com softwares e processos, para garantir o controle, o bom fluxo das informações e a boa comunicação entre atletas, comissão técnica, grupo de apoio e dirigentes. Em um ambiente em que nem todos queriam controle. E alguns tentariam me convencer a não ir por aquele caminho. Frases como “isso no futebol não funciona”, “computador não faz gol” ou até a inesquecível “seu trabalho é prejudicial para o futebol, você controla demais as coisas”, foram ouvidas em diversas ocasiões. Mas não me fizeram mudar meu caminho.

Fato é que, eu cheguei em McLeod Ganj. Passei uma manhã com o Dalai Lama. E modéstia a parte, consegui fazer uma das maiores transformações vistas nas últimas décadas no futebol, quando se fala em tecnologia dentro de um clube.

De duas coisas eu precisei, em ambas as situações: Foco e Determinação. Definir exatamente onde chegar e não deixar absolutamente nada atrapalhar.

Na Índia eu já acordava sabendo: vou olhar onde preciso ir, vou sair e caminhar, direto, não importa o que acontecer, não importa o que me falarem, não importa quantos vierem tentar me tirar do caminho.

No futebol eu acordava e definia: eu vou fazer o que tem que ser feito. Não importa o que me falarem, não importa quem vier tentar me tirar do caminho. A propósito, nos meus primeiros 4 anos de futebol eu também viajava, 190 km todos os dias, e ia determinado a fazer o que tinha que ser feito.

Na prática, em ambas as situações, alguns me tiraram, me desviaram, inclusive me demitiram, parando o processo, mas eu sempre voltei, e fiz o que tinha que ser feito.

Se você quiser vencer, esteja fazendo o que for, precisa ter a determinação de definir que não importa o que acontecer, você vai fazer. E pronto. Podem falar, podem desviar, podem tentar o que for. Vai acontecer. Porque você quer e porque é o que a sua empresa precisa.

2ª lição: Flexibilidade

Comer na Índia era algo, no mínimo, diferente…

Estando em uma viagem com o intuito de melhorar como ser, em que meu objetivo era o de ficar em Ashram’s, locais voltados à evolução espiritual, estive em cidades e locais afastados, em que a comida ‘ocidental’ era ainda mais rara. Eu normalmente não encontrava o que queria.

Posso dizer que na maioria das vezes as coisas não eram como eu gostaria. Mas tinha que me virar com o que tinha. E sempre dava certo.

Já no futebol, tendo definido que eu levaria ou criaria soluções nunca antes vistas em qualquer clube do Brasil, e em algumas situações nem do mundo, encontrar os caminhos para fazer isso era no mínimo, diferente…

Apesar das exceções, gestores que aceitariam investir algum dinheiro em algo ligado à tecnologia e inovação, ou que aceitariam usar um tempo para discutir as oportunidades, as causas e não as consequencias dos problemas, além das boas práticas de gestão que poderiam ser levadas para um clube, era ainda algo raro. Eu normalmente não encontrava o que queria.

Posso dizer que na maioria das vezes as coisas não eram como eu gostaria. Mas tinha que me virar com o que tinha. E sempre dava certo.

O futebol tinha uma característica: a rotatividade em alguns cargos era enorme. Nos primeiros 12 anos, trabalhei diretamente com 25 técnicos e com aproximadamente 15 gerentes ou diretores de futebol, ou seja, a liderança mudava a todo momento.

A falta de continuidade era uma barreira. Mas aprendi uma coisa com isso, com flexibilidade eu poderia vencer isso tudo, e ainda aproveitar um pouco do conhecimento e da experiência de cada um para melhorar ainda mais minhas soluções. E aprenderia cada vez mais sobre pessoas, fator essencial para o meu progresso na carreira.

Algumas vezes eu percebia que deveria parar um pouco, só observar, voltar para trás e tentar alguma coisa coisa, e então decidir a hora de avançar novamente. Acontecia com a comida na Índia e com minhas novas propostas para o futebol.

Assim, se você tiver determinação e flexibilidade, e não esquecer o foco, as chances de alcançar o que quer são grandes.

E se estiver passando por momentos difíceis, agradeça. As melhores experiências e os maiores conhecimentos virão daí.

E no futuro isso irá te ajudar. As melhores histórias para palestras, as melhores experiências para orientar em sessões de coaching ou os melhores ensinamentos para ajudar empresários nos meus grupos ou consultorias, busco dos aprendizados dos meus momentos difíceis.

Como diz um grande amigo, para quem quer realmente crescer, passar por momentos difíceis é ruim, mas nunca passar por algum é catastrófico.

Aproveite seu dia!

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